domingo, 26 de agosto de 2007

Tempo curto, longo prazo.

Com certeza você já leu esse pensamento do Fernando Sabino (abaixo) e, em algum momento da sua vida, identificou-se com o danado:

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

Eu mesmo, ainda este ano, no dia das mães, resolvi ir pra Pinda passar o dia com a minha “véinha” (rs). Cheguei na rodoviária do Tietê e o ônibus pra Pinda tinha acabado de sair. O próximo só seria dali a 1 hora e meia. Decidi pegar um pra Taubaté mesmo, por ter mais opções de horário. Eis que senta ao meu lado uma mocinha super simpática (e LINDA também!rsrs). Antes mesmo de o ônibus sair, começamos a conversar. O papo ficou tão bom e eu percebi estar tendo a oportunidade de conhecer uma pessoa tão interessante que, mesmo com aquela ansiedade toda de chegar em casa, eu nem reclamaria se pegasse um “congestionamentozinho” no meio do caminho... rs. Acabou acontecendo de a “longa” viagem de 1,5 hora passar como se fosse em 5 minutos! Até hoje mantenho contato com essa moça...!!! (Muita sorte a minha!!rsrs...)

Ou então outro dia, quando já passava das 23h e eu ainda esperava um ônibus pra voltar pra casa, assim que saí da casa de uma aluna depois de uma aula. Encontrei um senhor que já tinha lá os seus setenta e tantos anos parado ali no ponto e começamos a nos falar. No desenrolar da conversa, ele contou que trabalhou como cozinheiro em um navio e que viajou praticamente o mundo todo! Que sabia falar inglês, espanhol, francês e um pouco de alemão também. Até me meti à besta e puxei papo com ele em inglês, só pra ver se não era lorota dele. E não é que ele conversou direitinho comigo? Também arranhei um pouco de espanhol, aí sim que ele me deixou no chão! A partir desse momento eu nem me arrisquei a tentar os outros idiomas... (e nem tentaria, se soubesse!!! hehehe...).
Ele disse ter se aposentado e até queria continuar trabalhando, mas infelizmente estava com câncer.....
Também me contou um pouco dos tratamentos que tinha começado a fazer e eu fiquei sem palavras com relação a isso. Então comecei a levar o assunto pra outro lado, perguntando sobre as histórias que ele tinha vivido nas viagens de navio. Ele me contou bastante coisa legal, super empolgado! E a viagem toda, embora tenha durado uns 40 minutos, foi muito produtiva no final! Quando fui cumprimentá-lo pra descer ele disse bem assim:

“Meu rapaz... muito obrigado por ser tão educado conversando comigo e me fazer lembrar desses casos da minha vida. Sei que passei por muita coisa boa e percebi que tenho bastante história pra contar”.

Eu respondi:

“Imagina! Eu é que agradeço por me contar essas histórias! O Sr. é uma lição de vida! Parabéns!”

Ele abriu um sorrisão e eu retribuí da mesma forma. Apertamos as mãos e eu desci.

E a vida é assim! Passamos por momentos curtos, que têm muito valor!

Se você nunca vivenciou um lance assim, recomendo! Claro que dá pra FAZER ACONTECER, sem precisar esperar que o destino (?) lhe entregue isso de mãos beijadas. De repente, um passeio às 23h em uma terça-feira comum, em que você tem que trabalhar no dia seguinte ou qualquer coisa do gênero... Sei lá!!!

Momentos assim não só são sempre marcantes, como trazem EXCELENTES conseqüências. Pelo menos é assim que eu os enxergo...


Abraços a todos!


quarta-feira, 15 de agosto de 2007

É cada figura que me aparece!

E lá estava eu, voltando de um julgamento que tinha participado como jurado...

Era uma sexta-feira em torno das 17h. O “povão” já saindo do trabalho, trânsito complicando, ônibus ficando cada vez mais lotado... e eu, além de estar cansado, estava com uma dor de cabeça daquelas de latejar! Mas tudo bem, afinal, eu estava indo pra casa!

Subi no ônibus no Terminal Barra Funda e fui logo lá pro fundão, onde tinha um banco vazio, pra ficar mais perto da porta de saída desde já.

Eis que entra uma moça meio loira MUITO FIGURA no bumba! Usando uma roupa estilo “sou funkeira do RJ”. Como qualquer outra pessoa que estava no bus, reparei (Acredite! Qualquer um repararia! Ela era muito estranha! rs). Encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos meio que querendo descansar um pouco até chegar no ponto onde deveria descer, mas a tal moça me cutucou e pediu licença. Tinha um lugar vago ao meu lado. Ela se sentou ali e foi quando a minha viagem começou.............. com ela dizendo:

- Ai! Puxa! Que horas são?

- ... 17h15. Respondi (era mais ou menos isso, vai... rsrs)

- Puxa! Acho que vou chegar atrasada ao meu ensaio! - Disse, olhando pra mim como se esperasse algum comentário. Mas eu apenas sorri gentilmente e quando ia voltando a encostar a minha cabeça, ela me cutucou e continuou a “conversa”:

- Eu danço! Sabia?

- Ah é? Legal... – Respondi com outro sorriso simpático. Eu não queria ser rude.... só estava cansado!

- É sim! Danço axé num grupo! – Mais uma vez, apenas dei um sorrisinho, desta vez um pouco mais amarelo. E ela continuou:

- Tipo assim... na verdade ainda não “faço parte”. Tá acontecendo um processo seletivo, sabe? E como eu estava namorando o vocalista da banda, ele deu um jeito de me colocar no processo seletivo. Hoje a gente não tá mais junto, mas tudo bem... tomara que isso não me prejudique no processo, né?

- É... tomara que não.

- Pois é! Ele era muito ciumento, sabe? Tsc... só porque ficou sabendo que eu tinha beijado um cara outro dia. Imagina! Foi só um beijinho à toa! Eu até disse pra ele que não tinha nada a ver, mas ele ficou muito puto comigo!! Hahaha....


- Pois é, né?...

- ÉÉÉ! Não é um absurdo uma coisa dessas? Ele não entende que eu “faço amizade” fácil. Mas então! Daí.... (nesse momento, tocou o celular dela... GRAÇAS A DEUS!)


Aproveitei pra encostar a cabeça e fechar os olhos. De repente, dormindo, ela me deixaria um pouco mais na minha. Depois de quase 10 minutos de conversa... COMEÇOU A ME CUTUCAR FRENETICAMENTE ATÉ QUE EU A OLHASSE! Virei a cabeça pro lado da moça, imitando uma “cara de sono” pra ver se ela se ligava. A coitadinha não se agüentava de tanto rir! Apontando pro celular, recomeçou:


- Era o carinha com quem eu tô ficando! Nossa! Ele faz TUDO o que eu quero! Precisa ver! Hahaha. Hoje ele me comprou um vestido de R$120,00! Quer ver só?

Antes que eu pudesse responder, ela já puxou de dentro da sacola uma peça de roupa pra me mostrar. E eu, respondi com toda a naturalidade do mundo.

- Legal. Bonito o vestido...

- Ai... você acha? Tsc.. então! Quase que ele comprou um outro lá também, mas eu fiquei com dó. Tadinho dele, né? Não posso me aproveitar desse jeito.

- Pois é...

A partir desse momento eu simplesmente me despluguei da conversa super produtiva que estava tendo e, no máximo, respondia balançando a cabeça com sinais de “sim” , “não” e algumas expressões faciais... e foi assim por 3/4 do caminho. Até a danada perceber que eu estava meio “aéreo” e me dar um tapa no braço (?!?!?), reclamando:

- Pôxa! Você não está prestando atenção em nada do que eu tô falando, né?

- Imagina! Estou sim!

- Ah é? O que eu estava falando, então?

- Pôxa! Você não confia em mim se eu digo que estava prestando atenção e pede pra eu repetir?

- Tsc... Você tá certo. Bobeira minha, né? Eu confio em você sim... (!!!!!!!!!!)

Em retorno, dei outro sorrisinho amarelo.... e cansado.

Depois de uns 10 segundos de pausa, ela lança:

- AAAAAI! Eu tenho umas fotos aqui! Você quer ver?

E mais uma vez, antes que eu pudesse responder, ela puxou de dentro da bolsa uns 4 álbuns de foto. Eu até pensei que fosse ver umas dançarinas bonitas (rsrsrs), mas ela começou a mostrar umas fotos de um palco, tiradas de longe, explicando que era um festival de bandas de axé (putzzzz!!!!) e cada uma vinha com um comentário do tipo:

- Essa banda que tá no palco é a “Banda Sei-Lá-O-Quê”. Conhece?

- Não...

- Não?? Mas ela é tão famosa! E essa aqui é a banda “X-Y-Z”... Conhece?

- Não também...

- Puxa! Mas você é um rapaz desinformado, hein!

(SANTO DEUS!!!)

Foi quando eu percebi que o próximo ponto já era o meu! Abri um sorriso de orelha a orelha e mandei:

- Ô moça... eu desço no próximo.

- Ahhh.. mas já?

- Pois é. Bem... vou nessa.


Eu me levantei, peguei minha mochila e fiquei em pé, na frente da porta do bus, pra poder descer. Ela ficou me olhando feito um cão-sem-dono... e disse sorrindo:

- Você é super legal, sabia? Gostei da nossa conversa!

- Obrigado! Você também é super simpática! Boa sorte no seu processo seletivo.

- Ai! Obrigada pela torcida! – Respodeu ela, toda animada.

Desci do ônibus e quando ele passou por mim, ela estava na janelinha dando tchau pra mim! Respondi com um aceno de mão e lá se foi o bus...


Cheguei em casa, tomei um banho e fui descansar, finalmente.